Exposição pode resultar em cyberbullying
Exposição pode resultar em cyberbullying Por Lígia Aguilhar São Paulo, 1 (AE) - A infografista Fabiane Lima, de 26 anos, sabe bem qual pode ser o preço de expressar uma opinião nas redes sociais. Há um mês ela decidiu usar o Twitter para declarar sua perplexidade diante de algumas informações que, para ela, mostravam a disparidade entre homens mulheres. "Homens, essa raça que tem a maioria dos cargos de chefia e os maiores salários, mesmo com até 3 anos de escolaridade, segundo o IBGE", foi um dos posts publicados por ela. Quando acordou no dia seguinte, Fabiane já figurava na lista de assuntos mais comentados do dia, no Twitter. Um usuário não gostou de suas postagens e espalhou as mensagens de Fabiane para usuários populares na rede. A vida de Fabiane foi vasculhada. Dados pessoais como endereço e telefone foram compartilhados pelo Twitter. "Minha timeline foi inundada por chistes machistas e ameaças de estupro", diz Fabiane. A popularização das redes sociais e o aumento da exposição dos usuários colocou o cyberbullyng em evidência no Brasil. Além das agressões e ofensas, sobram casos de mulheres com fotos ou vídeos expostos nas redes. As estudantes Giana Laura, de 16 anos, e Júlia Rebeca, de 17 anos, do Rio Grande do Sul e do Piauí, respectivamente, se mataram após descobrirem que imagens íntimas compartilhadas com alguém foram espalhadas na rede por meio do WhatsApp. Compartilhar esse tipo de conteúdo é cada vez mais comum. Uma pesquisa da consultoria de tecnologia eCGlobal Solutions, com quase 2 mil brasileiros de mais de 18 anos, revela que 32% dos homens já enviaram fotos em que aparecem nus e 17% já mandaram vídeos. Entre as mulheres, 29% já postaram imagens em que aparecem sem roupa, e 9% vídeos. "É comum quem sofre o bullying ter dificuldade de procurar ajuda em um serviço presencial. É mais fácil fazer isso online", diz a psicóloga Rosa Maria Farah, coordenadora do núcleo de pesquisas da psicologia em informática na PUC-SP, que tem um canal online de atendimento ao público. Há pelo menos quatro projetos na Câmara dos Deputados que tentam facilitar a punição dos agressores. Ainda não há previsão de quando serão votados. Redes sociais como o Facebook tentam promover campanhas educativas. Entre quem já sofreu cyberbullying, as marcas ficam. A jornalista Paula Bastos criou há quatro anos o blog Grandes Mulheres como forma de aprender a aceitar seu próprio corpo, publicando dicas de moda e beleza para o universo plus size. Logo começou a receber comentários ofensivos sobre sua aparência. "Lido melhor com isso hoje, mas ainda dói."
Fonte: R7 Notícias