Especialista alerta Falsos perfis nas redes sociais são maior perigo para os jovens
Tem a certeza que todos os seus 'amigos' nas redes sociais são reais?
O contacto com perfis falsos em redes sociais, criados com objetivos quase sempre sexuais, é dos maiores riscos que os jovens correm na Internet, alerta Tito Morais, que há 10 anos trabalha na segurança "online" de jovens.
Tito Morais é o responsável pelo projeto MiudosSegurosNa.Net há mais de uma década e participou em muitas dezenas de ações de formação e palestras sobre o tema, junto de jovens e de pais. Hoje, em declarações à agência Lusa, não tem dúvidas de que há casos dramáticos a desenrolarem-se todos os dias.
"Tudo o que implica risco é sintomático as pessoas acharem que só acontece aos outros", diz, acrescentando no entanto que todas as pessoas têm fragilidades e que há sempre alguém que sabe como as explorar.
Quando vai a uma escola "é raro que não haja um aluno, um professor ou um pai com uma história para contar". Tito Morais conta algumas dramáticas, como a de uma menina de 13 anos aliciada por um suposto jovem de igual idade e que era afinal um homem de 50 anos, ou de um recente pedido de ajuda de uma pessoa que teve durante dois anos um "relacionamento" com alguém que não existia.
"As pessoas têm tendência para pensar que o problema da internet é técnico mas é fundamentalmente de pessoas, passa muito pela manipulação psicológica", diz Tito Morais, que com o trabalho de uma década garante ser o aliciamento sexual a maior preocupação dos pais.
Mas são os pais que muitas vezes se alheiam do que os filhos fazem na internet, e são também os pais que criam perfis dos filhos com menos de 10 anos na página Facebook (rede social), mentindo na idade (por ser para maiores de 13). "Arriscaria que 80 por cento dos jovens de 8, 9 ou 10 anos tenha conta no Facebook", diz.
Tito Morais estranha ainda que muitos pais desconheçam que há ferramentas na internet para maior segurança sobre o que as crianças conseguem ver, e lembra que os perigos estão também noutras plataformas, como os telemóveis e os "tablets" e respetivas aplicações.
A sensibilização, como faz o MiudosSegurosNa.Net, tem de ser contínua, afiança Tito Morais, que tem mais de 100 pedidos para ações de sensibilização, a maior parte em escolas, mas não tem meios para os satisfazer.
Por isso iniciou esta semana na página da internet, e durante dois meses, um projeto de "crowdfunding" (obtenção de dinheiro para iniciativas de interesse público). Tito Morais quer angariar pelo menos 2500 euros, que financiariam uma dúzia de ações de formação em escolas do país. Até hoje, disse à Lusa, apenas recebeu 200 euros de contribuições.
O projeto MiudosSegurosNa.Net começou em março de 2003 e diz ser hoje uma das iniciativas de segurança online de crianças e jovens de maior alcance a nível europeu (o quinto mais falado).
E trabalho não falta, diz Tito Morais. Porque há sempre uma menina "que quer ser modelo" ou um menino "que quer ser futebolista", e um perfil falso numa rede social à espera deles.
Fonte: Correio da Manhã dia 16 de janeiro de 2014