Eles pedem, elas enviam fotos nuas. E os pais ficam em pânico

09-11-2014 15:14

por Ana Bela Ferreira 01 novembro 2014- DN

 

A troca de imagens eróticas entre os jovens é cada vez mais comum. Elas têm dificuldade em admitir que o fazem. Eles garantem que recebem várias e às vezes mostram aos amigos

"Nunca mandei, mas conheço uma rapariga que já mandou uma fotografia íntima." A conversa entre raparigas de uma escola secundária do centro de Lisboa, que pediram o anonimato, é invariavelmente a mesma: nenhuma delas enviou fotografias em poses sensuais ou nuas para um rapaz, mas conhecem ou já ouviram casos de quem o fez. O sexting, ou seja, trocar mensagens ou imagens de cariz sexual, não é feito pela maioria dos adolescentes portugueses, mas é suficientemente abrangente para ser do conhecimento geral e fazer parte das preocupações dos pais, dizem os especialistas que estudam o fenómeno.

Por regra, são elas que enviam fotografias mais reveladoras, a pedido de rapazes com quem namoram ou querem namorar. E porquê? "Porque são influenciadas por eles e às vezes são mesmo pressionadas", explica Tito Morais, fundador do site MiudosSegurosNa.Net. Mas também porque "o fazem numa base de confiança na outra pessoa", acrescenta a investigadora Cristina Ponte.

A que se junta o grande contacto com a tecnologia, o facto de não medirem bem o risco e de estarem numa fase de descoberta da sexualidade, aponta o psiquiatra Pedro Afonso. Fruto da idade, os adolescentes são sempre um alvo no que toca ao "fenómeno de imitação", em que a "influência de grupo é muito importante", acrescenta o psiquiatra. A isto junta-se a grande disponibilidade tecnológica: "A explosão das redes sociais, a comunicação por telemóvel, juntamente com a facilidade com que hoje se tira uma fotografia ou se grava um vídeo, através de um telemóvel."

Os próprios jovens - que já começam a considerar esta prática como normal - admitem que são as raparigas as mais prejudicadas com o sexting. Tal como mostram as respostas dos jovens portugueses nas entrevistas do estudo "Net Children Go Mobile", divulgado na semana passada, em que estes referem que "elas ficam mais expostas" e que "ninguém gosta de namorar com uma rapariga que já teve uma fotografia comprometedora espalhada pela internet".