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Diário de Notícias - 31 de janeiro de 2010
Vida tornada num inferno
Ana tem 14 anos e namora com João de 16. Ana gosta de enviar fotografias "provocadoras" ao namorado e este guarda-as no computador. Hugo, de 18, é amigo de João e utilizou o computador deste último. Descobriu as fotografias de Ana e partilhou-as com colegas da escola. Ana e João de nada sabiam, mas rapidamente se aperceberam da situação. Foi a vergonha para Ana. A sua vida tornou-se num inferno, e afectou a família, que ponderou sair de Serpa. Hugo, maior de idade, foi acusado de posse e distribuição de pornografia infantil. João aguarda para saber se enfrentará problemas. Ana tenta ultrapassar a vergonha e regressar à normalidade.
Namoro acabou em terror
Filipa, 27 anos, nunca pensou que o amor poderia acabar por infernizar-lhe a vida. Durante algum tempo Paulo foi o seu companheiro. Mas ela acabou com a relação. Paulo não aceitou. Criou um perfil falso de Filipa na rede social hi5 e adicionou os colegas de trabalho da ex-namorada. Começou a enviar mensagens e até e-mails horríveis. Filipa ficou aterrorizada. O medo fez com que preferisse nada fazer para não agravar a vingança de Paulo, apesar de temer perder o emprego. Alguns colegas, pensando que era Filipa quem lhes enviava as mensagens, pensavam que tinha ficado doida. Filipa optou por esperar que um dia Paulo desistisse de a aterrorizar.
Activista difamada 'online'
Cátia, 32 anos, é activista pró-aborto. Deu sempre a cara quando Portugal se preparava para o referendo. O aborto foi legalizado, mas a vida de Cátia sofreu um revés. Descobriu que na Internet estava a ser difamada. As mensagens eram agressivas, algumas referiam-se ao facto de defender a legalização do aborto, mas o "ataque" a Cátia ganhou proporções mais assustadoras quando viu vídeos online que revelavam a rua onde morava e a fachada da sua casa. Cátia recusou viver com medo de que alguém tentasse algo mais do que as difamações na Internet. Tentou descobriu o autor, ou autores. Apesar de várias tentativas, nada conseguiu.
Vigilante ou alvo de bullying?
Gonçalo, 12 anos , vive com o estigma de uma deficiência motora. Mas algo mais o diferencia: tem um conhecimento de informática acima da média. Nas suas conversas fala de um programa que estará instalado nos computadores da escola e que permite saber o que é teclado. Os termos técnicos que utiliza faz com que os colegas desconfiem que ele está a vigiá-los, controlando tudo o que dizem, podendo ter acesso a passwords. Há quem tenha sugerido: "Se ele diz que existe o programa, se calhar foi ele quem o instalou." A insinuação nunca foi provada. Subsiste a dúvida: estaria Gonçalo a vigiar os colegas, ou estaria ele a ser alvo de bullying?